Mostrando postagens com marcador História Moderna. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador História Moderna. Mostrar todas as postagens

24 agosto, 2023

As Monarquias Absolutistas

Luís XIV, um exemplo de monarca
absolutista, teve o reinado mais
longo da história da Europa.

As monarquias absolutistas representam uma fase marcante na história política e social de várias nações ao redor do mundo. Caracterizadas pelo poder centralizado nas mãos do monarca, esses sistemas de governo moldaram sociedades, economias e culturas, deixando um legado duradouro. Nesta matéria, vamos explorar as origens, características distintas e impactos das monarquias absolutistas ao longo da história.

Origens e Evolução das Monarquias Absolutistas

As monarquias absolutistas emergiram em diferentes períodos e regiões, mas sua ascensão foi fortemente influenciada pelo contexto histórico e cultural de cada nação. Na Europa, o período renascentista trouxe um renascimento do interesse pelas antigas formas de governo, incluindo a monarquia absoluta. Os monarcas, muitas vezes apoiados por elites e teóricos políticos, afirmavam que seu poder era concedido por direito divino, um argumento que sustentava a centralização do poder nas mãos do monarca.

Características das Monarquias Absolutistas

1. Poder Centralizado e Autocrático: Em uma monarquia absolutista, o monarca detinha poderes quase ilimitados. Decisões políticas, legislativas e judiciais eram frequentemente tomadas sem a necessidade de consulta ou aprovação de outras instituições.

2. Direito Divino dos Reis: A crença de que o monarca governava por vontade divina conferia uma base teórica para sua autoridade incontestável. Qualquer desafio ao monarca era frequentemente visto como um desafio à ordem divina.

3. Controle sobre a Economia e Sociedade: Monarcas absolutistas frequentemente exerciam controle sobre a economia, impondo tarifas comerciais, estabelecendo monopólios reais e regulamentando indústrias. Isso permitia que eles financiassem suas atividades e projetos, como a construção de palácios suntuosos.

4. Exércitos Permanentes: Monarquias absolutistas muitas vezes mantinham exércitos permanentes para manter o controle interno e externo. Esses exércitos eram financiados pelo tesouro real e não dependiam do consentimento das assembleias.

Impactos e Legado

As monarquias absolutistas tiveram um impacto duradouro nas sociedades em que existiram:

1. Centralização do Poder: Esses sistemas consolidaram o poder nas mãos do monarca, diminuindo a influência da nobreza e outros grupos privilegiados.

2. Desenvolvimento de Burocracias: Monarquias absolutistas muitas vezes dependiam de burocracias eficientes para administrar vastos territórios e coletar impostos.

3. Conflitos e Revoluções: A concentração extrema de poder frequentemente levava a conflitos internos e revoluções, à medida que grupos insatisfeitos buscavam limitar o poder monárquico.

4. Desenvolvimento Cultural e Artístico: Muitos monarcas absolutistas patrocinaram artistas, escritores e filósofos, contribuindo para o florescimento cultural e artístico de seus períodos.

Conclusão

As monarquias absolutistas representam um capítulo fascinante na história política e social de várias nações. Seus traços distintivos, impactos e legados continuam a influenciar nossa compreensão das relações de poder, direitos individuais e a evolução das formas de governo. Estudar essas monarquias oferece insights valiosos sobre como as estruturas de poder podem moldar sociedades e, ao mesmo tempo, serve como um lembrete das lutas contínuas pela liberdade e participação política.

Em um mundo em constante evolução, as monarquias absolutistas permanecem como um exemplo intrigante de governança autocrática e centralizada. Suas características únicas moldaram nações, influenciaram culturas e desencadearam transformações políticas profundas. O legado dessas monarquias nos lembra da importância do equilíbrio de poder, do respeito aos direitos individuais e da necessidade de sistemas governamentais que representem verdadeiramente a vontade e os interesses de seus cidadãos.

À medida que olhamos para trás, reconhecemos a complexidade desses sistemas e as forças sociais, econômicas e culturais que os sustentaram. Ao mesmo tempo, suas limitações e as lutas que desencadearam também nos inspiram a buscar governos que garantam a participação, a justiça e a igualdade para todos. A história das monarquias absolutistas continua a nos ensinar valiosas lições sobre o poder, a responsabilidade e a busca incessante da humanidade por formas de governo que promovam o bem-estar de todos os membros da sociedade.


Teste seus conhecimentos através de um Jogo sobre as Monarquias Absolutistas.


Fontes:

Anderson, P. (1974). "Lineages of the Absolutist State". Verso Books.

Beik, W. (1985). "Absolutism and Society in Seventeenth-Century France: State Power and Provincial Aristocracy in Languedoc". Cambridge University Press.

Blanning, T. C. W. (2002). "The Culture of Power and the Power of Culture: Old Regime Europe 1660-1789". Oxford University Press.

Campbell, P. (2012). "Power and Politics in Old Regime France, 1720-1745". Routledge.

Parker, G. (1997). "The Thirty Years' War". Routledge.

Richardson, R. D. (2001). "The Debate on Absolute Monarchy: Seventeenth-Century French Political Thought". Palgrave Macmillan.

Rude, G. (2001). "Europe in the Eighteenth Century, 1713-1783". Pearson.

Skinner, Q. (1998). "Liberty before Liberalism". Cambridge University Press.

Wootton, D. (1996). "Inventing the State: Europe 1500-1700". Verso Books.

31 maio, 2023

As Grandes Navegações

Que razões levaram os europeus a realizar as grandes navegações?
As razões que levaram às grandes navegações estão relacionadas aos desdobramentos do capitalismo, o novo modo econômico que, superando o antigo modelo feudal, passou a dominar a Europa a partir do final do século XV. O capitalismo não surge com a destruição do antigo sistema feudal, mas dentro dele mesmo, em seu momento de maior crise. 
Desde o século XII, a Europa passava por uma mudança profunda em seu modo de organizar a economia. Cada vez mais, o feudalismo mostrava-se incapaz de dar conta das demandas populacionais, mesmo daquelas necessidades primárias, como a produção de alimentos. As atividades artesanais e comerciais, inicialmente desenvolvidas nos burgos, tornaram-se mais intensas na Europa. 
O intercâmbio com o Oriente passou a ser uma tentativa de resolver o descompasso entre necessidades de compra, venda e produção. Por meio dos entrepostos comerciais das cidades de Alexandria (Egito) e Constantinopla (Turquia), os europeus passaram a ter acesso às mercadorias que vinham das Índias – nome genérico para descrever uma vasta região formada pela China, pelo Japão e pelos Países Árabes. 
Entretanto, o custo desses produtos era alto, dadas as condições difíceis e precárias dos transportes realizados pelas vias marítimas e terrestres. Buscar uma via de acesso mais segura e barata para o Oriente era o desejo de muitos comerciantes e estados europeus. 
É nesse contexto que se desenvolveu o mercantilismo, a primeira fase do novo modelo econômico, que se tornaria hegemônico na Europa Moderna. Entre outros aspectos, o mercantilismo se caracterizava pelo fortalecimento do Estado na economia capitalista. 
Nesse primeiro momento, estabeleceu-se, então, uma aliança entre a classe burguesa e a monarquia. Assim, para o rei, esse acordo concretizava o aumento de seu poder político. Para a burguesia, significava, além de seus ganhos políticos, possibilidades de aumento e expansão de sua riqueza. 
Uma das formas de se obter maiores ganhos econômicos nessa época foram a ocupação e a formação de colônias em várias partes do mundo. Além da violência e de múltiplos modos de exploração e opressão, o colonialismo teve consequências profundas na maneira da sociedade da Idade Moderna se organizar. Submetendo os povos conquistados, as metrópoles europeias – sobretudo Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda – foram responsáveis pelo domínio de grande parte do mundo, ocupando e explorando vastas regiões da América, África e Ásia.



Dentre todas as nações europeias, os portugueses foram os primeiros a realizar as grandes viagens internacionais. Vejamos como isso aconteceu. 

Independente desde 1139 do reino de Leão, Portugal promoveu, no século XIV, uma grande mudança política e econômica, que ficou conhecida como Revolução de Avis
Por meio dessa revolução, que selou um pacto entre a burguesia e o estado monárquico, uma parte do país, antes feudal, passou a se dedicar às atividades comerciais. Dotado de tradição marítima e situado numa rota de passagem e comércio entre o norte e o sul da Europa, Portugal acumulou grande quantidade de capitais. 
Além disso, constituiu governos que promoveram vastos investimentos em pesquisa e na indústria náutica. Segundo historiadores, a Escola de Sagres, fundada e mantida pelo príncipe português D. Henrique, foi o primeiro grande centro de estudos especializados em navegação na Europa. 
Com tais condições, no início do século XIV, os portugueses, deixando a Europa, começaram a ocupar regiões do norte da África. Em 1415, dominaram a cidade de Ceuta, iniciando um longo período de domínio no continente africano. Após a segunda metade do século XV, com o domínio turco sobre Constantinopla, os portugueses se viram na urgência de encontrar outros caminhos para ter acesso às especiarias asiáticas. Como já vimos, além Constantinopla, as mercadorias do Oriente poderiam ser alcançadas também pela Alexandria, no Egito, pelo Mar Mediterrâneo. 
Contudo, o trânsito por essa via era difícil, uma vez que as cidades italianas de Gênova e Veneza controlavam militarmente essa rota marítima. Com tais dificuldades, as especiarias – temperos, óleos e perfumes como cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada, cânfora, incenso etc., além de pedras preciosas, tecidos, porcelanas, tapetes –, provenientes das Índias, tornaram-se mais caras ainda. 
Diante desse quadro, restava aos países criar alternativas para ter acesso às mercadorias do Oriente. Portugal e Espanha, no século XV, eram as únicas nações em condições de realizar as grandes expedições marítimas. Os portugueses acreditavam que seria possível chegar ao Oriente contornando a África pelo sul. Os espanhóis imaginavam atingir o mesmo objetivo navegando sempre para o Ocidente, visto que já se admitia a esfericidade e o diâmetro aproximado da Terra. Finalmente, após 83 anos do início da conquista da costa africana, os portugueses se tornaram os descobridores da nova rota, contornado a África e aportando em Calicute, na Índia, em 1498. Os espanhóis, que chegaram a América em 1492, também realizaram esse feito em 1521, completando a primeira circunavegação, isto é, a primeira viagem em torno da Terra. O acesso direto ao Oriente, por via marítima e sem intermediários, teve enorme impacto econômico na Europa. Os lucros da primeira viagem teriam chegado a 6.000%. Em outras palavras, é como se comprássemos um objeto qualquer (por exemplo, um tênis) por 100 reais e vendêssemos por 6.100 reais. 
Como se vê, a chegada às Índias representou um grande impulso para as atividades econômicas portuguesas e para o capitalismo europeu em geral. Isso porque se, por um lado, os portugueses foram os descobridores do novo caminho, por outro, não conseguiram impedir que outras nações europeias, em pouco tempo, passassem a usar essa mesma trilha.

Veja também:


Fonte:
Ensino Fundamental para Jovens e Adultos: História. 9o ano. Rio de Janeiro: GEB / GED, 2006. 192 p. edicação atualizada, 2010.