12 junho, 2023

A Origem do Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados é encarado como uma data especial e celebrada por casais ao redor do mundo, mas você já parou para se perguntar como essa tradição começou? Neste artigo, vamos embarcar em uma viagem histórica para descobrir a origem do Dia dos Namorados, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo.


Origem do Dia dos Namorados no Mundo

Representação da Lupercalia

A história do Dia dos Namorados remonta ao Império Romano, onde um festival chamado "Lupercalia" era celebrado em meados de fevereiro. Essa festividade pagã era dedicada à fertilidade e ao amor, e acredita-se que tenha influenciado a forma como o Dia dos Namorados é celebrado hoje.

No século V, a Igreja Católica tentou cristianizar a Lupercalia e transformá-la em uma festa religiosa. O papa Gelásio I declarou o dia 14 de fevereiro como o Dia de São Valentim, em homenagem a um santo mártir chamado Valentim. No entanto, a conexão entre São Valentim e o amor romântico só começou a se solidificar nos séculos seguintes.

Durante a Idade Média, acreditava-se que o dia 14 de fevereiro era o início da temporada de acasalamento para os pássaros, o que contribuiu para a associação do dia com o amor. A tradição de trocar mensagens e presentes entre amantes nessa data começou a se popularizar, especialmente na França e na Inglaterra.


Origem do Dia dos Namorados no Brasil

No Brasil, o Dia dos Namorados é comemorado em 12 de junho. A escolha dessa data está diretamente ligada à figura de Santo Antônio, um dos santos mais populares do país e considerado o "santo casamenteiro". Acredita-se que a data tenha sido escolhida para aumentar as vendas no mês de junho, período considerado fraco para o comércio.

A ideia de estabelecer um dia específico para celebrar o amor surgiu em meados da década de 1940, quando o publicitário João Dória trouxe a inspiração do Dia dos Namorados celebrado em 14 de fevereiro nos Estados Unidos. Dória propôs a data de 12 de junho, véspera do Dia de Santo Antônio, como uma oportunidade para os casais expressarem seu amor e também para aquecer as vendas.

A proposta de João Dória foi abraçada pelos comerciantes, que viram no Dia dos Namorados uma excelente oportunidade para impulsionar as vendas de presentes românticos. Desde então, a data se tornou um marco no calendário brasileiro, com casais trocando presentes, jantares românticos e demonstrações de afeto.

Conclusão

A história do Dia dos Namorados nos leva a uma jornada através do tempo, revelando as influências do Império Romano, da Igreja Católica e das tradições culturais em diferentes partes do mundo. Embora sua origem esteja enraizada em tradições antigas, o Dia dos Namorados continua a evoluir e se adaptar às mudanças culturais e comerciais ao longo dos anos.

Portanto, independente de datas, presentes ou pressão popular, devemos valorizar a pessoa amada todos os dias do ano. Que não só esse, mas todos os dias sejam repletos de amor, felicidade e momentos memoráveis ao lado da pessoa que faz seu coração bater mais forte. Afinal, o amor é uma força universal que transcende fronteiras e que merece ser celebrada todos os dias.




Fontes:

GIL, Luiz Antonio. Dia dos Namorados: Uma Construção Publicitária. In: VI Congresso Internacional de História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010.

FONSECA, Marlene. A construção de datas comemorativas no Brasil. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 24, n. 48, p. 331-354, 2004.

FEBRABAN. Origem do Dia dos Namorados no Brasil. Disponível em: https://portal.febraban.org.br/noticia/3443/pt-br/. Acesso em: 10 de setembro de 2021.

MENDONÇA, Francisco. O dia dos namorados: uma reflexão sociológica. In: XXV Encontro da ANPOCS. Caxambu: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, 2001.

SCHMITT, Juliana Borges; COLAÇO, Veridiana Melo. A construção do Dia dos Namorados no Brasil: uma análise dos anúncios publicitários. Anais do Seminário de Pesquisa em Comunicação, XXIX, 2011.

31 maio, 2023

As Grandes Navegações

Que razões levaram os europeus a realizar as grandes navegações?
As razões que levaram às grandes navegações estão relacionadas aos desdobramentos do capitalismo, o novo modo econômico que, superando o antigo modelo feudal, passou a dominar a Europa a partir do final do século XV. O capitalismo não surge com a destruição do antigo sistema feudal, mas dentro dele mesmo, em seu momento de maior crise. 
Desde o século XII, a Europa passava por uma mudança profunda em seu modo de organizar a economia. Cada vez mais, o feudalismo mostrava-se incapaz de dar conta das demandas populacionais, mesmo daquelas necessidades primárias, como a produção de alimentos. As atividades artesanais e comerciais, inicialmente desenvolvidas nos burgos, tornaram-se mais intensas na Europa. 
O intercâmbio com o Oriente passou a ser uma tentativa de resolver o descompasso entre necessidades de compra, venda e produção. Por meio dos entrepostos comerciais das cidades de Alexandria (Egito) e Constantinopla (Turquia), os europeus passaram a ter acesso às mercadorias que vinham das Índias – nome genérico para descrever uma vasta região formada pela China, pelo Japão e pelos Países Árabes. 
Entretanto, o custo desses produtos era alto, dadas as condições difíceis e precárias dos transportes realizados pelas vias marítimas e terrestres. Buscar uma via de acesso mais segura e barata para o Oriente era o desejo de muitos comerciantes e estados europeus. 
É nesse contexto que se desenvolveu o mercantilismo, a primeira fase do novo modelo econômico, que se tornaria hegemônico na Europa Moderna. Entre outros aspectos, o mercantilismo se caracterizava pelo fortalecimento do Estado na economia capitalista. 
Nesse primeiro momento, estabeleceu-se, então, uma aliança entre a classe burguesa e a monarquia. Assim, para o rei, esse acordo concretizava o aumento de seu poder político. Para a burguesia, significava, além de seus ganhos políticos, possibilidades de aumento e expansão de sua riqueza. 
Uma das formas de se obter maiores ganhos econômicos nessa época foram a ocupação e a formação de colônias em várias partes do mundo. Além da violência e de múltiplos modos de exploração e opressão, o colonialismo teve consequências profundas na maneira da sociedade da Idade Moderna se organizar. Submetendo os povos conquistados, as metrópoles europeias – sobretudo Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda – foram responsáveis pelo domínio de grande parte do mundo, ocupando e explorando vastas regiões da América, África e Ásia.



Dentre todas as nações europeias, os portugueses foram os primeiros a realizar as grandes viagens internacionais. Vejamos como isso aconteceu. 

Independente desde 1139 do reino de Leão, Portugal promoveu, no século XIV, uma grande mudança política e econômica, que ficou conhecida como Revolução de Avis
Por meio dessa revolução, que selou um pacto entre a burguesia e o estado monárquico, uma parte do país, antes feudal, passou a se dedicar às atividades comerciais. Dotado de tradição marítima e situado numa rota de passagem e comércio entre o norte e o sul da Europa, Portugal acumulou grande quantidade de capitais. 
Além disso, constituiu governos que promoveram vastos investimentos em pesquisa e na indústria náutica. Segundo historiadores, a Escola de Sagres, fundada e mantida pelo príncipe português D. Henrique, foi o primeiro grande centro de estudos especializados em navegação na Europa. 
Com tais condições, no início do século XIV, os portugueses, deixando a Europa, começaram a ocupar regiões do norte da África. Em 1415, dominaram a cidade de Ceuta, iniciando um longo período de domínio no continente africano. Após a segunda metade do século XV, com o domínio turco sobre Constantinopla, os portugueses se viram na urgência de encontrar outros caminhos para ter acesso às especiarias asiáticas. Como já vimos, além Constantinopla, as mercadorias do Oriente poderiam ser alcançadas também pela Alexandria, no Egito, pelo Mar Mediterrâneo. 
Contudo, o trânsito por essa via era difícil, uma vez que as cidades italianas de Gênova e Veneza controlavam militarmente essa rota marítima. Com tais dificuldades, as especiarias – temperos, óleos e perfumes como cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada, cânfora, incenso etc., além de pedras preciosas, tecidos, porcelanas, tapetes –, provenientes das Índias, tornaram-se mais caras ainda. 
Diante desse quadro, restava aos países criar alternativas para ter acesso às mercadorias do Oriente. Portugal e Espanha, no século XV, eram as únicas nações em condições de realizar as grandes expedições marítimas. Os portugueses acreditavam que seria possível chegar ao Oriente contornando a África pelo sul. Os espanhóis imaginavam atingir o mesmo objetivo navegando sempre para o Ocidente, visto que já se admitia a esfericidade e o diâmetro aproximado da Terra. Finalmente, após 83 anos do início da conquista da costa africana, os portugueses se tornaram os descobridores da nova rota, contornado a África e aportando em Calicute, na Índia, em 1498. Os espanhóis, que chegaram a América em 1492, também realizaram esse feito em 1521, completando a primeira circunavegação, isto é, a primeira viagem em torno da Terra. O acesso direto ao Oriente, por via marítima e sem intermediários, teve enorme impacto econômico na Europa. Os lucros da primeira viagem teriam chegado a 6.000%. Em outras palavras, é como se comprássemos um objeto qualquer (por exemplo, um tênis) por 100 reais e vendêssemos por 6.100 reais. 
Como se vê, a chegada às Índias representou um grande impulso para as atividades econômicas portuguesas e para o capitalismo europeu em geral. Isso porque se, por um lado, os portugueses foram os descobridores do novo caminho, por outro, não conseguiram impedir que outras nações europeias, em pouco tempo, passassem a usar essa mesma trilha.

Veja também:


Fonte:
Ensino Fundamental para Jovens e Adultos: História. 9o ano. Rio de Janeiro: GEB / GED, 2006. 192 p. edicação atualizada, 2010.