28 fevereiro, 2022

As Guerras de Independência na América Espanhola

As guerras de independência na América espanhola foram as numerosas guerras contra o Império Espanhol na América espanhola, que ocorreram durante o início do século 19, a partir de 1808 até 1829. 

Os conflitos podem ser caracterizados tanto como uma guerra civil e uma guerra de libertação nacional como guerras internacionais (entre países), uma vez que a maioria dos combatentes de ambos os lados eram espanhóis e americanos, o objetivo do conflito por um lado foi a independência das colônias espanholas nas Américas. 

As guerras, em última instância, resultaram na formação de uma série de novos países independentes que se prolongam da Argentina e Chile, no sul, ao México, no norte. Apenas Cuba e Porto Rico permaneceram sob domínio espanhol, até a Guerra Hispano-Americana em 1898.

Os conflitos são geralmente relacionados com as guerras de independência da América Latina, que incluem os conflitos no Haiti e o Brasil

A independência do Brasil compartilha uma origem comum com a da América espanhola, uma vez que ambas foram acionadas pela invasão da Península Ibérica por Napoleão em 1808. 

Além disso, o processo da independência dos países da América Latina ocorreu geralmente em um clima político e intelectual que emergiu da Idade do Iluminismo e que influenciou todas as chamadas Revoluções do Atlântico, incluindo as revoluções anteriores nos Estados Unidos e França. 

No entanto, as guerras, e a independência da América espanhola foram resultado da evolução da situação única da monarquia espanhola.

Havia uma certa liberdade nas colônias espanholas que permitiu a fundação de universidades e favoreceu o desenvolvimento científico em algumas regiões da América Espanhola. As universidades do México e do Peru são exemplos de que foi desenvolvida uma intensa atividade intelectual nas colônias.

As ideias iluministas eram mais conhecidas e difundidas por quem tinha acesso tanto a publicações e jornais, que divulgavam frequentemente essa ideia. Já havia duas nações independentes na América: os Estados Unidos (1776) e o Haiti (1804). 

Contudo, o ideal de liberdade também inspirou e influenciou as classes populares na luta pela independência. Movidos e unidos pela liberdade, diferentes grupos sociais questionaram o domínio espanhol. O processo de independência das colônias espanholas na América incluía as mulheres, principalmente as que compunham a população mais pobre.

A sociedade das colônias era dividida em classes. A classe mais privilegiada era a dos brancos, das camadas dominantes que constituíam o corpo das autoridades coloniais, (chamados de Chapetones), nascidos na Espanha; eles poderiam participar das decisões políticas e administrativas e ocupar altos cargos administrativos ligados diretamente à Coroa Espanhola. 

Abaixo dos Chapetones encontravam-se os Criollos, que eram filhos de espanhóis nascidos na América que cuidavam da produção mercantil; os brancos, descendentes de espanhóis nascidos na colônia; os proprietários de grandes terras. E, por último, índios, negros e mestiços (os trabalhadores).

A elite dos filhos e descendentes de espanhóis aproveitou a situação ainda de batalhas na Espanha e rompeu o pacto colonial, comercializando com o Reino Unido e os EUA, grandes apoios nas guerras da independência. Quando a Espanha recuperou o poder após as derrotas dos franceses, pressionou suas colônias. Porém, a elite criolla não quis mais aceitar o domínio da Espanha, passando, assim, a liderar em vários lugares da América. Assim então um dos criollos, Leonardo Pacheco impulsiona a luta contra o domínio espanhol e convoca vários líderes, a exemplo de Simón Bolívar.

Nessas lutas, vários líderes se destacaram (sobretudo Simón Bolívar), percorrendo praticamente toda a América espanhola. Havia o sonho de manter todo território das antigas colônias num país só (o que nunca foi feito). E decidiram adotar o regime republicano (proposta de Símon Bolívar) após a independência.

O Reino Unido e os próprios Estados Unidos, recém independentes, apoiaram os colonos, vendo novas oportunidades de comércio.

  • Na América do Norte, a primeira colônia espanhola a se tornar independente foi o México, adotando, primeiramente o governo monárquico, e depois o governo republicano.
  • Na América do Sul, a primeira independência foi a da Venezuela, que se completou com a independência da Colômbia e Equador.
  • Na América Central, a região foi dividida em cinco países: Honduras, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica.
  • Depois de alguns anos, foi a vez das ilhas da América Central (as do Mar do Caribe): a República Dominicana, Porto Rico e de Cuba.
  • Ocorreu uma revolta de cunho indianista no Peru em novembro de 1780. Sua bandeira principal era a oposição ao domínio espanhol. A liderança coube a José Gabriel Condorcanquí, Marquês de Oporesa,autodenominado "Tupac Amaru II"

Revolução Francesa

 A Revolução Francesa, pelo seu simbolismo e sua importância histórica, foi o acontecimento que marcou a transição do mundo moderno para o contemporâneo. 

Vejamos as razões do status histórico atribuído a esse movimento:

Além de se constituir numa das três maiores nações do mundo no século XVIII, em população, poderio econômico e militar, a França representava o que havia de mais emblemático e estrutural da Modernidade: o Antigo Regime

Com uma intervenção sistemática e rigorosa do Estado na economia, o mercantilismo, a despeito de ter propiciado uma riqueza exorbitante à França, tornou-se enorme entrave ao potencial econômico burguês. Por outro lado, os gastos da monarquia, sustentados pelo povo por meio de pesados impostos desde os tempos de Luis XIV, o “Rei-Sol” (1638-1715), tornaram-se insuportáveis. 

Constituída por uma população entre 25 e 30 milhões de pessoas, e dividida ainda em estamentos medievais, a sociedade francesa era uma das mais desiguais da Europa.

O Terceiro-Estado carregando o Primeiro e o Segundo Estados
nas costas

O clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado), juntos, compunham apenas 3% do povo

A imensa maioria da população – burgueses, camponeses e sans-culottes (camada social composta por artesãos, aprendizes, operários, trabalhadores livres, pequenos proprietários, entre outros segmentos) – pertencia ao Terceiro Estado

A estrutura econômica agrária e as relações sociais, ainda de tradição feudal, inviabilizavam a produção agrícola. Tais fatores, somados a um período de problemas climáticos, trouxeram fome a milhões de homens e mulheres, fadados à morte. 

Em 1788, para tentar resolver a crise do país, o rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais (o Parlamento francês). Aproveitando o momento e o apoio popular, o Terceiro Estado passou a exigir a votação por cabeça e não por estado, como se fazia até então. É que, dessa forma, conseguindo apoios de parlamentares dissidentes da nobreza e do clero, poderia aprovar leis e medidas de seu interesse. 

O encontro da Assembleia dos Estados Gerais em 5 de maio de 1789 em Versalhes.

Diante da discordância do clero e da nobreza sobre a proposta de votação individual, em 17 de junho de 1789, os parlamentares do Terceiro Estado se declararam em Assembleia Nacional Constituinte, assumindo a tarefa de elaborar uma Constituição para a França. Essa “desobediência” acabou por assinalar, alegoricamente, o fim do absolutismo, por ser uma afronta direta ao poder de Luís XVI

De fato, em 14 de julho de 1789, uma multidão invadiu a Bastilha, prisão-símbolo do absolutismo, libertando prisioneiros políticos e tomando as armas da fortaleza. Esse episódio assinala o dia da Revolução Francesa

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


Os privilégios feudais e os estamentos foram suprimidos, e os revolucionários instauraram a república no país. Foi elaborada também a Declaração dos direitos do homem, documento que inspirou muitos movimentos em todo o mundo. 

O movimento revolucionário durou dez anos e passou por algumas fases, revezando o comando da Revolução entre os conservadores, os moderados e os mais radicais. 

Em 1792, na etapa de governo da Convenção, Luís XVI, que tentara fugir e armar uma invasão ao país com apoio de tropas estrangeiras, foi julgado por traição à pátria, condenado à morte e executado na guilhotina

A fase das reformas estruturais (agrária, eleitoral, educacional, entre outras) se deu durante o governo dos jacobinos (formado por representantes do povo e da pequena burguesia), os mais radicais entre os grupos do Parlamento, composto também pelos girondinos (alta e média burguesia) e pelo pântano (oportunistas que mudavam de posições de acordo com a conveniência do momento político). 

A posição física em que cada um desses grupos se reunia no Parlamento acabou por designar as tendências políticas ainda hoje citadas para caracterizar movimentos, grupos e partidos políticos. Os jacobinos ocupavam a esquerda e o setor mais alto do plenário, por isso eram chamados também de “montanha”; os girondinos reuniam-se à direita; o grupo do pântano situava-se na parte mais baixa e central do Parlamento. 

Foi no período da Convenção que se instaurou o momento mais violento, conhecido como fase do Terror. Cerca de 40 mil pessoas consideradas traidoras da revolução foram guilhotinadas, inclusive revolucionários jacobinos, como Danton. Por fim, moderados e conservadores, por meio de um golpe de estado, assumem o controle revolucionário em 1793. Eles acabam com o Terror e anulam as principais reformas jacobinas, afastando as massas do poder e beneficiando a classe burguesa.  

Em 9 de novembro de 1799, Napoleão Bonaparte, líder do exército francês, promoveu uma manobra político-militar, conhecida como o Golpe do 18 Brumário, e assumiu o poder na França. Apoiado pela alta burguesia, tornou-se cônsul vitalício e, em 1802, proclamou-se imperador do país. Tornou-se um déspota

O seu governo lembrou os velhos tempos do absolutismo em muitos aspectos. Mas Napoleão exercia o poder a favor da burguesia e não mais do clero e da nobreza como fazia a monarquia no tempo dos estamentos. 

O golpe de Napoleão pôs fim à Revolução Francesa, mas não aos seus ideais, que inspiraram os principais movimentos revolucionários ocorridos no mundo até o século XIX. De oprimida e rebelde, a burguesia, à medida que promovia suas revoluções e se configurava como classe internacional, foi se tornando cada vez mais contrarrevolucionária, visto que conseguira se estabelecer definitivamente no poder. Para ela, as mudanças agora deveriam acontecer de forma lenta e pacífica.

Execução de Luís XVI. A cabeça do rei é exibida ao povo, como se costumava
fazer com todos os executados.

Antigo Regime

O Antigo Regime refere-se originalmente ao sistema social e político aristocrático que foi estabelecido na França. Trata-se principalmente de um regime centralizado e absolutista, em que o poder era concentrado nas mãos do rei.

O Clero e a Nobreza pisando nos camponeses

Também se atribui o termo ao modo de viver característico das populações europeias durante os séculos 15 a 18. As estruturas sociais e administrativas do Antigo Regime foram resultado de anos de "construção" estatal, atos legislativos, conflitos e guerras internas, mas, tais circunstâncias permaneceram como uma mistura confusa de privilégios locais e disparidades históricas, até que a Revolução Francesa põe fim ao regime.

Durante a Baixa Idade Média, com o advento do Renascimento Comercial e Urbano, surge na Europa uma tendência de enfraquecimento do poder dos nobres e fortalecimento do poder dos reis, que durante o período medieval tinham autoridade quase nula. 
Em alguns países, os soberanos contaram com o importante apoio da burguesia nascente, que tinha forte interesse na centralização política, pois a padronização de pesos, medidas e moedas e a unificação da justiça e da tributação favoreciam o desenvolvimento do comércio. A nobreza, sem forças para se impor, acabou por aceitar a dominação real (em alguns casos, após sangrentos conflitos). Parte dela foi cooptada por meio da formação das cortes, constituídas por nobres luxuosamente sustentados pelo Estado. Os reis puderam assim obter para si todo o controle político, econômico e militar dos países.  No auge desse processo de centralização, estabeleceu-se o absolutismo.

Durante o século XVII, o Antigo Regime entrou em declínio devido, principalmente, ao iluminismo. Essa corrente de pensamento defendia ideais do liberalismo, como a instituição de um gestor subordinado a uma carta magna (constituição); fim do intervencionismo, tanto político quanto econômico; voto universal e a democracia; valores completamente antagônicos ao absolutismo. 

Além disso, com a Revolução Industrial a burguesia assumiu uma posição social extremamente elevada e desejava ter um representante de seus interesses à frente do governo, o que enfraqueceu ainda mais o sistema absolutista. Aos poucos, os monarcas foram caindo, com destaque para a Inglaterra, que foi pioneira graças aos avanços político-sociais gerados pela primeira revolução industrial.