🧨 As 10 maiores mentiras que te contaram sobre a História do Brasil | #agentesdahistoria

Ao longo dos anos, muitas versões da história do Brasil foram contadas de forma incompleta, romantizada ou até totalmente equivocada. Isso não é coincidência: a História oficial foi construída por grupos dominantes, com o objetivo de criar heróis, esconder conflitos e reforçar certas narrativas nacionais.

Nesta matéria, vamos desmistificar 10 mentiras históricas muito comuns, que ainda aparecem em livros, provas escolares e discursos políticos. 

Preparado para desconstruir alguns mitos?


1️⃣ Tiradentes era barbudo e parecia Jesus

A famosa imagem de Tiradentes com barba longa, cabelos soltos e expressão serena é uma criação do século XIX, feita para transformá-lo em mártir da República. Na verdade, não existem retratos contemporâneos dele. Sua aparência real é desconhecida, mas sabe-se que, como militar, era obrigado a manter os cabelos curtos e sem barba.


2️⃣ A independência foi pacífica e heroica com Dom Pedro I gritando “Independência ou morte!”

O famoso grito às margens do Ipiranga é mais símbolo do que fato. A independência foi um acordo político e financeiro com Portugal, mediado por elites e com indenização paga pelo Brasil. Houve também resistência armada em várias províncias, especialmente na Bahia e no Norte.


3️⃣ A escravidão acabou com a assinatura da Lei Áurea, e os negros foram libertos

A Lei Áurea foi um ato formal, sem políticas de inclusão, indenização ou apoio aos ex-escravizados. Muitos continuaram trabalhando em condições precárias. A verdadeira abolição foi resultado da luta dos próprios negros: quilombos, fugas, revoltas e mobilização abolicionista.


4️⃣ Os portugueses “descobriram” o Brasil

O termo “descobrimento” ignora que milhões de indígenas já habitavam o território há milhares de anos, com culturas complexas e diversas. O que ocorreu em 1500 foi uma invasão europeia, seguida de colonização, exploração e destruição de muitas dessas culturas.


5️⃣ Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil por acaso

Embora existam debates entre historiadores, há fortes indícios de que Cabral já tinha instruções para navegar rumo a terras do lado português do Tratado de Tordesilhas. A chegada ao Brasil provavelmente não foi acidental, mas sim estratégica.


6️⃣ Os bandeirantes eram heróis desbravadores

Na verdade, os bandeirantes eram em grande parte capturadores de indígenas, que atuavam para expandir o território e capturar mão de obra escravizada. A imagem heroica foi construída no século XX, especialmente em São Paulo, para exaltar a ideia de progresso.


7️⃣ A Proclamação da República foi um movimento popular pela democracia

A República foi instaurada por um grupo militar e político conservador, sem participação popular. Dom Pedro II foi deposto sem resistência armada, e os primeiros governos republicanos mantiveram práticas autoritárias, como o voto censitário e a exclusão das mulheres.


8️⃣ Getúlio Vargas foi o “pai dos pobres”

Embora tenha criado leis trabalhistas importantes, Vargas também foi ditador durante o Estado Novo (1937–1945), censurou imprensa, perseguiu opositores e concentrou poder. Seu legado é complexo e ambíguo — envolve avanços sociais e autoritarismo.


9️⃣ O Brasil sempre foi um país pacífico

Apesar do discurso oficial, o Brasil tem um histórico de guerras internas, como a Revolta dos Malês, a Guerra do Paraguai, Canudos, Contestado, Revolta da Vacina, entre outras. Muitos desses conflitos foram abafados ou distorcidos na historiografia oficial.


🔟 A história do Brasil começou em 1500

A história do território que hoje é o Brasil começa muito antes da chegada dos portugueses. Povos indígenas viviam aqui há pelo menos 12 mil anos. Ignorar essa história é perpetuar a invisibilidade dos povos originários.

A História do Brasil, como toda história, não é neutra nem definitiva. Ela foi construída, muitas vezes, para atender aos interesses de quem tinha poder — político, econômico ou cultural. Por isso, questionar o que nos foi ensinado e buscar fontes diversas é essencial para formar um olhar mais crítico e completo sobre o passado.

Desvendar essas “mentiras” ou distorções históricas não é destruir símbolos, mas reconstruir sentidos. É entender que por trás dos fatos existem vozes silenciadas, disputas de memória e escolhas sobre o que lembrar — e o que esquecer.

Que essa lista sirva de ponto de partida para refletir, estudar e debater, afinal, como diz o próprio nome do blog: todos nós somos Agentes da História — inclusive na forma como escolhemos contá-la.


📚 Referências bibliográficas

BUENO, Eduardo. A viagem do descobrimento. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
REZZUTTI, Paulo. Tiradentes: uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier. São Paulo: LeYa, 2017.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2000.
CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1980.

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